Qualquer reflexão sobre o autodesenvolvimento passa primeiro, por um entendimento de que DESENVOLVER implica em romper laços, amarras, e sabemos que, em qualquer uma das dimensões humanas (física, emocional, mental, social, ou espiritual), todo desenvolvimento exige que rompamos com um padrão já adquirido, para adotarmos outro, que é novo e que é uma etapa natural da evolução humana.
Desenvolvimento significa o aumento das capacidades (em qualquer uma das dimensões humanas) ou das possibilidades, pois podemos desenvolver o nosso potencial. Quando falamos em autodesenvolvimento, estamos entendendo que o indivíduo assuma, ele próprio, a responsabilidade por este processo evolutivo, através da busca pessoal de recursos e condições, que lhe permitam reconhecer que hoje está “melhor” (em qualquer aspecto) que ontem, e ter a certeza de que, amanhã, estará melhor que hoje.
Quando pensamos nos recursos para promover este autodesenvolvimento, estamos fundamentalmente considerando a educação e qualquer outra ação, que venha a contribuir para que o indivíduo gerencie a si mesmo!
No atual contexto das organizações, este tema acabou assumindo uma grande importância, pois o autodesenvolvimento tornou-se uma das mais importantes competências para o profissional do século XXI e dele dependerá o sucesso das pessoas e conseqüentemente das organizações.
Só as organizações que tiverem pessoas que estejam absolutamente conscientes e focadas em seu autodesenvolvimento, serão capazes de responder rapidamente a mudanças tão aceleradas, adaptar-se à nova realidade tecnológica, e superarem os desafios, que garantam, mais do que a sobrevivência, o sucesso organizacional.
O autodesenvolvimento não se restringe apenas à “gestão da carreira”. Este é um importante aspecto, mas existem outros que são preliminares e, por isto, mais genéricos. O processo de autodesenvolvimento engloba algumas etapas essenciais:
A competência de autodesenvolvimento implica numa acentuada capacidade de estudar, numa curiosidade natural, que se manifesta por um interesse em descobrir e conhecer o mundo, na iniciativa, na persistência e automotivação e na disciplina.
Todas estas características estão relacionadas ao desenvolvimento da nossa inteligência emocional, o que nos leva a constatar que esta é a base de todo o processo de autodesenvolvimento.
Peter Drucker, em Desafios Gerenciais para o Século XXI, afirma que “gerenciar a si mesmo” significa colocar-se onde você possa fazer sua maior contribuição à sociedade; aprender a se desenvolver constantemente, mantendo-se mentalmente ativo; e aprender a como e quando mudar.
Na verdade, um ponto em que todos os gurus acabam concordando é que as pessoas que têm um autoconhecimento desenvolvido e que conseguem analisar as exigências do seu trabalho, de profissões de interesse e do mercado, podem ter maiores possibilidades de realização na carreira e na vida pessoal, pois encontram alternativas adequadas ao seu perfil e adaptam-se mais facilmente às mudanças trazidas pelas novas tecnologias.
Seguindo por esta linha de raciocínio, notamos que o autodesenvolvimento é uma questão estratégica na vida das pessoas, e que, no contexto de hoje, está relacionado ao sucesso individual e, por conseqüência, ao sucesso organizacional.
Contudo, vamos nos deter agora nesta questão estratégica, ou seja, o nosso autodesenvolvimento tem de estar alinhado com a nossa missão, nossa visão, nossos valores, e no significado que damos ao trabalho em nossa vida.
Em sua obra “À procura de si próprio – Um guia para a Realização Pessoal”, Bárbara Braham afirma que somente quando compreendemos a nossa missão, conseguimos olhar para frente “enxergar a nossa visão de futuro”.
Segundo Joel Backer, um dos estudiosos sobre o futuro mais conhecido na atualidade, esta visão é um dos principais diferenciais entre pessoas/organizações e nações bem ou mal sucedidas. É esta visão, que compartilhada e posta em ação, pode mudar a vida das pessoas e, conseqüentemente, o mundo.
Nossa missão e nossa visão são norteadas por nossos valores. São os valores que permeiam as nossas escolhas em busca da realização pessoal. Precisamos ter clareza de nossos valores, pois são eles as nossas referências mais consistentes, que nos fazem buscar a coerência entre o discurso e as ações que empreendemos.
O significado do trabalho em nossa vida passou a ser importante nestas definições estratégicas, pois na medida em que passamos mais de 1/3 de nossas vidas no trabalho e, como já dissemos, em média vamos trabalhar 50 anos, temos de nos preocupar em mudar alguns paradigmas relacionados ao trabalho como “dever ou obrigação”.
Hoje algumas pessoas já começam a encarar o trabalho como fonte de prazer, buscando fazer aquilo que dê significado à sua vida e que esteja compatível com sua missão, seus valores, e sua visão de futuro.
No entanto, sabemos que dada a complexidade do SER humano, muitas vezes, ele mesmo boicota estas realizações, utilizando “máscaras” como diz Bárbara Braham, na obra já citada.
Precisamos tirar essas “máscaras” (a tirania do devo, a baixa auto-estima, o medo e outras) que nos distanciam de nós mesmos, que nos impedem de ver com mais clareza aquilo que somos e que desejamos.
Tiradas estas máscaras conseguiremos caminhar no sentido de nossa autorrealização, que é a essência do sucesso pessoal e profissional. Na medida em que entendemos o SER HUMANO como um SER HOLÍSTICO, não podemos separar a perspectiva pessoal da profissional.
Muito se tem dito hoje, de como a realização pessoal afeta a realização profissional, e vice-versa. Desta forma, pensar no significado do sucesso para o indivíduo é considerar o bom resultado, êxito ou triunfo (como diz o dicionário do Houaiss) de forma geral, ou seja, na vida.
No entanto, sabemos que este é um assunto bastante complexo dada a sua subjetividade, pois o que é sucesso para um, pode não ser para outro, tendo em vista essencialmente os valores pessoais.
Um dos principais questionamentos do SER Humano está relacionado ao como deve investir o seu tempo: para ganhar dinheiro ou para ser feliz? Uma pessoa mais focada no comportamento de SER, por considerar que TER é uma conseqüência, terá um entendimento diferente do que uma que está mais preocupada com o TER, por exemplo.
Por isso, pouco nos agregaria neste momento dar uma única definição do que seja sucesso, dada a singularidade do tema, mas podemos analisar que fatores podem nos levar ao “sucesso”.
Diversos estudos sobre o tema convergem para ideia da importância da Inteligência Emocional para o sucesso das pessoas. Gardner em seu estudo sobre Inteligências Múltiplas, já tinha feito referência a este aspecto, afirmando que muitas pessoas bem sucedidas não tinham QI (quoeficiente de Intelectual) alto.
A inteligência como era até então entendida, na perspectiva do raciocínio lógico-matemático-verbal não era a principal característica de grandes expoentes nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
Goleman afirma que a Inteligência Emocional permite fazer um prognóstico sólido para o sucesso de uma pessoa, pois 90% das diferenças entre executivos de desempenho excepcional e os de desempenho médio, estão relacionadas aos fatores relacionados à IE e não as habilidades cognitivas adquiridas na escola.
E destes cinco fatores da IE o que foi comum a todos foi a automotivação, decorrente das pessoas fazerem o que gostam.
A automotivação é um aspecto determinante na maneira como as pessoas lidam com o fracasso. E é impossível alcançar o sucesso se não soubermos enfrentar positivamente o seu oposto, o fracasso:
Segundo uma pesquisa publicada na revista Fortune, as pessoas bem sucedidas falharam em média sete vezes, antes de se saírem bem. Já existe algum acordo entre os diversos estudiosos do assunto, sobre algumas atitudes que diferenciam as pessoas de sucesso, tais como:
Um ponto importante na relação das pessoas com o sucesso é a continuidade, nem sempre as pessoas agem no sentido de manter o sucesso conquistado, onde entra mais uma vez a importância do fator persistência, desistir jamais!
Na medida em que a empresa é uma integração de Seres Humanos, não há como não estabelecer uma correlação direta entre o sucesso pessoal/profissional com o sucesso da organização.
Diversos gurus e estudiosos de gestão de empresas afirmam que pessoas felizes são mais produtivas e vice-versa, gerando um ambiente mais positivo e melhores resultados – ou seja, gerando lucro.
Como já disse meu amigo, Marco Aurélio Vianna, “Empresa Triunfadora, depende de gente Triunfadora e feliz!”
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O autodesenvolvimento e a Inteligência Emocional são competências que você adquire pela vontade de melhoria constante através de uma formação teórico-prática de alto nível que você encontra no novo MBA de Desenvolvimento Humano de Gestores e RH da FGV e a Século XXI oferece em Divinópolis para você. Quer saber mais? Entre em contato agora com um de nossos consultores no (37) 3212-9525.
Este conteúdo foi produzido pela Denize Dutra – Coordenadora do MBA de Desenvolvimento Humano de Gestores e RH da FGV.
Denize é Doutoranda em Administração de Empresas, Mestre em Administração Pública – EBAPE – FGV. Pós-graduada em Gestão Empresarial e em Educação. Psicóloga Organizacional com 36 anos de experiência em desenvolvimento de pessoas. Certificação Internacional em Coaching Integrado pelo ICI.
Já atuou em diversas organizações brasileiras públicas e privadas como Petrobrás, Votorantim Cimentos, BIO-Manguinhos, ANS, VALE, Boticário, TSE, TRE MG, Banco Central, Tribunal de Justiça MS, Justiça Federal do Paraná e também em empresas em Portugal, Moçambique e Cabo Verde.
Consultora do Projeto Delfim para a Comunidade Europeia e Professora Convidada da Universidade de Coimbra.
Conferencista em eventos nacionais e internacionais. Já publicou diversos artigos sobre Gestão e Desenvolvimento de Pessoas no Brasil e no exterior e organizadora e autora do livro Recursos Humanos: transformando pela gestão, editora FGV.
Desvende o poder da liderança ética em projetos: fortaleça equipes, tome decisões responsáveis e cultive uma cultura organizacional positiva.