Por: André Lupu em parceria com Conquer Labs
Como dizia o filosofo grego Aristóteles:
“A dúvida é o princípio da sabedoria”
Muitos podem achar que as 3 palavras mais difíceis de falar sejam “Eu te amo”. Mas na verdade são “Eu não sei”.
Qual foi a última vez que você respondeu a um questionamento em uma reunião com as palavras “eu não sei”?
Por que? Porque responder “não sei” indica fragilidade. Indica quiçá, incompetência.
E quem quer se sentir frágil ou incompetente no meio de uma reunião? Quem quer falar “não sei” e receber olhares de desaprovação dos pares (e, principalmente, do seu chefe) pensando “o que ele está fazendo aqui, então?!” ou “ou que há de errado com ele”?
Este receio começa cedo. Começa na escola, onde os alunos são cobrados logo cedo de encontrarem as “respostas certas” — aquelas que aprendemos durantes as aulas e nos livros. Ser o primeiro a responder e receber estrelinhas no caderno. Responder antes de todos e receber as melhores notas.
Na faculdade, repetimos e reforçamos o estigma de saber as respostas certas. De ser o melhor da turma.
E quando começamos nos processos de seleção de estágio? E quando buscamos promoções nas empresas? Ter as respostas, saber de tudo sempre, não trazer problemas, mas sim soluções, faz parte do mindset da grande maioria das empresas há muito, muito, muito tempo.
Se há uma para discutir um certo tema, nem pensamos em sugerir que seja realizada uma pesquisa — porque pesquisar pressupõe que não sabemos a resposta. E isso vai contra tudo que se espera de nós: que sejamos os especialistas em nossas áreas de atuação.
Imagina em uma reunião, quando várias pessoas concordam em seguir em uma mesma direção. Falar “eu não sei” pode nos fazer parecer o “cri cri”, que não concorda, que quer divergir sempre. Neste ponto cabe uma observação: divergir não é brigar, não é ser do contra; é criar opções — para depois escolher a mais adequada.
E para ajudar, ainda temos um ponto de atenção biológico aí. Vejamos o que diz a ciência:
“O cérebro humano representa, aproximadamente, 2% do peso corporal, e consome 20% do oxigênio e da glicose do organismo” Javier DeFelipe – professor de pesquisa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC).
Ou ainda:
“O ser humano tende a poupar esforço cognitivo, pois nosso cérebro é um devorador de energia. Portanto, como dinâmica padrão, estamos sempre buscando poupar esforço para conservar potência” Sandro Magaldi e José Salabi Neto — livro Gestão do Amanhã.
Isto é, além do receio em falar “não sei”, nosso organismo tende a ir direto para soluções conhecidas para economizar energia. Algo que fazia sentido na pré-história, quando precisávamos estar mais do que atentos aos predadores e não tínhamos alimento para repor a energia disponível em qualquer esquina e loja de conveniência.
Qual o problema disso tudo no mundo atual?
O problema é esquecer que, se nunca nos damos o direito de “não saber”, nunca buscaremos respostas diferentes das que todos dariam. Nunca buscaremos formas diferentes de fazer algo, novos caminhos, novos pontos de vista, não sairemos do óbvio e senso comum.
As inovações não surgem das pessoas que têm certeza das respostas, mas sim daquelas que se deram o direito de não saber as respostas, de divergir e buscar respostas diferentes. Que se deram a liberdade de sair do padrão, da resposta pronta. Que desapegaram.
Divergir é criar opções para só então escolher a que parece mais adequada. Quem sabe todas as respostas não busca alternativas. Não tem flexibilidade e abertura para testar o novo.
Achamos que temos todas as respostas, por isso temos a tendência gigante de ir sempre do problema direto para solução (tenho um filho de 8 anos que já acha que sabe tudo, imagina nós que já estamos bem mais “crescidinhos”?).
Este é um erro clássico e mais do que comum que acontece em todas empresas e inclusive em nossos ambientes sociais.
“Afinal, se todos já soubessem de tudo, o Google, um site que é literalmente projetado para ajudar as pessoas a descobrir coisas que eles não sabem, seria o líder da indústria que é?” Hanna Brooks Olsen – writer and editor for CreativeLive.
E o que podemos fazer para começar a mudar este cenário?
Eu não gosto de listas, mas vou escrever algumas dicas nesta forma apenas para ficar mais fácil acompanhar.
Sei que escrever é fácil e que fazer acontecer é exatamente o contrário.
Entendo que tudo isso passa pela criação de uma cultura de aceitar que estaremos sempre em estado de beta e que se não nos fizermos as perguntas e nos provocarmos, outros farão. E, quando nos dermos conta, talvez nem dê mais tempo de reagir.
E como mudar esta cultura nas empresas onde muito provavelmente a maioria das pessoas que chegaram no topo, lá chegaram (e estão!) dizendo pouquíssimas vezes que não sabiam? Como mudar este ciclo?
Seguindo a premissa do artigo: “Eu não sei, mas vou continuar procurando as respostas!”, mas tenho uma sugestão: que tal começarmos com as gerações mais novas e não permitir que percam algo tão genuíno nas crianças: ser questionador!
“Não existe melhor momento para se viver se comparado ao passado recente. Tudo está em aberto. O ônus da ignorância dá espaço para o bônus da ignorância. O futuro recente irá testemunhar milhares de organizações e empreendedores que farão a correta leitura desse novo código, construindo iniciativas e projetos vibrantes, disruptivos e transformadores”.
E você, quer estar de que lado desta história?
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